quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A Militarização da Educação Goiana


A situação da educação em Goiás não é diferente da do restante do Brasil,estudantes e trabalhadores/as de escolas e universidades públicasenfrentam no seu cotidiano o sucateamento e o descaso do Estado com aeducação. Tudo isso não acontece por acaso, este sucateamento dasinstituições públicas de ensino é uma estratégia neoliberal parajustificar a privatização da educação e, no caso de Goiás também servepara justificar a militarização que vem ocorrendo em diversas escolaspúblicas de nosso Estado. No ensino superior, a UFG e a UEG sofrem com afalta de estrutura adequada e de verbas, assim como seus alunos sofrem comreitores que trabalham em favor dos interesses da elite brasileira econtra os estudantes e o ensino público de qualidade.Além das universidades privadas tradicionais que cobram mensalidadesexorbitantes e atendem a classe média alta e aos ricos, pipocam por todosos lados em Goiânia pequenas universidades particulares, oferecendo cursosrápidos, mensalidades com preços mais baratos, vestibulares que nem delonge se comparam com o nível de dificuldade apresentado nos vestibularesdas universidades federais e estaduais e, com isso, estas universidadesacabam por tentar disfarçar a enorme exclusão existente nas universidadespúblicas, aonde apenas uma parcela ínfima dos estudantes secundaristasconseguem ter acesso após o termino do segundo grau. A privatização doensino superior é uma realidade que precisa ser combatida por diversasrazões, primeiro porque transforma a educação em mercadoria e trabalha oestudante apenas para que ele ?entre? no mercado, criando diversas ilusõesde oportunidades de emprego inexistentes neste sistema excludente. Nestasinstituições de ensino o discurso de obter sucesso é constante, e juntocom ele a desilusão de diversos estudantes trabalhadores que passam grandeparte de sua vida pagando seus estudos e ao termino destes se deparam coma realidade dura do desemprego e da falta de oportunidades. Outro pontofundamental para se combater a privatização da educação é que a educaçãonão vai melhorar ficando nas mãos de empresários! A educação é direito detodos e todos devem ter acesso a uma educação pública de qualidade,educação não é mercadoria e deve ser gerida pelos estudantes eprofessores.Nas escolas públicas a situação é ainda pior, o sucateamento e o desvio deverbas são uma realidade que transforma as escolas públicas em locais deensino esquecidos pelos governantes, que não gera condições de trabalhoadequadas para os professores, que não gera um ambiente de estudo saudávelpara os estudantes, que não apresenta alternativas esportivas e culturais,que não respeitam a associação dos estudantes, que esquecem o papel daeducação. Outra critica necessária a ser colocada é sobre o método deensino errôneo que, nas escolas de ensino primário, fundamental e médio, éainda mais baseado em um autoritarismo que freia sempre que pode odesenvolvimento livre dos estudantes e gera uma relação de dominação entreprofessores e alunos.Em Goiás está em plena ação um plano de militarização das principaisescolas públicas. Estas escolas sofrem com o desvio de verbas, com a faltade professores, em muitos casos não apresentam as mínimas condições para aprática esportiva e cultural. O descaso, o sucateamento e a péssimaqualidade da educação pública estão sendo usados como pretextos para aimplementação de escolas militares no interior e na capital de Goiás,entre as escolas militarizadas e colocadas sob o comando da PoliciaMilitar estão duas das maiores escolas de Goiânia, o Colégio Hugo deCarvalho Ramos e mais recentemente a Escola Estadual Polivalente Modelo.Os militares chegam com o discurso de que vão organizar e moralizar aeducação, porém o que se vê é apenas um ensino extremamente autoritário,baseado na submissão total de alunos perante os professores e a direção daescola. O ensino militar padroniza os estudantes, obriga todos a vestireme a pensar de forma igual, aniquilando toda a liberdade necessária noprocesso de educação de crianças e jovens. A militarização da educação éum atraso em nosso estado. O militarismo só serve para ensinar submissão eaniquilar a diversidade humana. As escolas militares só contribuem para osplanos da elite goiana e nacional que tem a intenção de manter osestudantes controlados e sem a mínima liberdade de pensamento, opinião eassociação. É necessário que estudantes, professores e a sociedade emgeral digam um basta contra essa tática macabra de militarização naeducação de Goiás, não podemos aceitar que uma educação baseada totalmenteem valores opressores ganhe mais espaço nas escolas em Goiás.Por isso tudo, apontamos à necessidade urgente dos estudantes, professorese todos que lutam por uma sociedade mais justa, igualitária e solidáriapara que se organizem para lutar contra o sucateamento, a privatização e aterrível militarização que vem ocorrendo na educação de Goiás.

2 comentários:

Guarani Kaiowá disse...

Concordo com o artigo e temo muito que este laboratório de Goias se espalhe pelo restante do país. Resistir aos horrores do militarismo é preciso, é obrigatório.

Hersan Clder disse...

O autor do texto, em minha opinião misturou dois assuntos; a privatização das universidades e o ensino com a direção feita por militares. As escolas militares, da Marinha, Exército, Aeronáutica e das Polícias Militares são as mais públicas e democráticas instituições de ensino do País. Os concursos públicos para o ingresso na carreira militar, permite a entrada do filho do pobre e do rico, de qualquer origem étnica e de qualquer região do Brasil.É comum encontrar um cearence comandando um quartel no Sul e um gaúcho ser autoridade no Nordeste.
Quanto ao medo da militarização, bom seria que nossas Universidades Públicas ou particulares seguissem o padrão de ensino do ITA ou do IME..... Aprender a respeitar a autoridade ou aos símbolos nacionais não tira a personalidade de ninguém.
A crítica e o requerimento aos seus direitos pelos caminhos legais e hierárquicos não morde ninguém.
Há muito tempo sente-se falta de uma matéria tipo OSPB. Cantar o Hino Nacional é salutar. As Forças Armadas existem em todos os Estados livres e ditatoriais, só depende de quem as comanda.
O medo pela perda da individualização é ridícula. Só perdoável para quem nunca conheceu uma escola administrada por Militares. Parece até que o ensino no Brasil vai bem...